É oficial, estão em campanha

  • 23-11-2021

Ainda não há bandeiras, nem autocolantes, mas a campanha já está oficialmente na estrada. Lembro-me dos tempos em que corria atrás dos carros da música, na Cova da Piedade, para garantir santinhos. Era assim que chamávamos aos autocolantes com as caras dos candidatos ou símbolos dos partidos.

 

Hoje, santos, nem vê-los, e carros de som, penso que só sobram os da CDU. De resto, tal como temos visto nas últimas semanas, as campanhas mudaram, acabou a música e aumentou o ruido. Fizeram desaparecer os santinhos e reavivaram os fantasmas. A campanha agora é feita na sombra, ou no escuro se preferirem.

 

De um momento para o outro, bastou Marcelo Rebelo de Sousa avançar com o dia das eleições para o cenário político mudar completamente. Governo e oposição querem fazer em meia-dúzia de semanas aquilo que não quiseram, ou não foram capazes de colocar em marcha nas últimas duas legislaturas.

 

No sector da Saúde, o descaramento não tem limites. Na passada sexta-feira, em Diário da República, o Governo autorizou a abertura de concursos para a colocação de 522 enfermeiros gestores e 1383 enfermeiros especialistas. Mais vale tarde do que nunca, mas o que é importante perceber é que quando o País mais precisou, o Governo recusou reforçar os quadros de pessoal. Escondeu-se. Fingiu-se de morto e ignorou os sucessivos avisos e pedidos feito pela nossa Ordem profissional mesmo antes da pandemia. Agora, quando aparecem eleições no horizonte, o Partido Socialista volta a lembrar-se, tal como aconteceu em Setembro de 2015, que enfermeiros são a maior classe profissional do sector da Saúde.

 

O mesmo se passa com o maior partido da oposição. O PSD descobriu nas últimas semanas que a gestão socialista do SNS tem sido desastrosa. Bem-vindos ao debate. Portugal ficou a saber que o PSD quer mudar o modelo de gestão e financiamento do SNS, valorizar o mérito e a excelência, concretizar medidas de emergência para reduzir as listas de espera e dignificar as carreiras dos profissionais de saúde. Caso para perguntar, onde é que andou o PSD nos últimos seis anos?

 

O Presidente da República atirou com um banho de água fria e os partidos acordaram. Não se iludam. Faltam apenas dois meses para voltarmos ao sono do costume. Deixem só contar os votos. 

 

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